quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Parceiros saúdam discussão do modelo de desenvolvimento

As parcerias são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento de programas sociais. O IV Congresso da Cáritas Brasileira contou com a presença de parceiros históricos na implementação de projetos em todo o país. Um dos destaques foi a companhia agradável dos membros do Departamento Internacional da Cáritas Alemã.
O Responsável pelos Projetos da América Latina, Wolfgang Hess, manifestou a disposição clara da organização germânica em manter e ampliar ações conjuntas com a Cáritas em várias regiões do país. Ele revelou que nos últimos dez anos, a Cáritas Alemã buscou a especialização de seus trabalhos em algumas áreas como terceira idade, protagonismo juvenil, pessoas com deficiência, além da ação nas situações de emergência e ajuda humanitária, prevenção de emergências e reabilitação das populações atingidas por catástrofes.

Wolfgang disse que gradativamente está mudando a concepção de órgão financiador. “Nosso papel é de ator social e indutor de iniciativas sociais. Até a pouco tempo reagíamos quando recebíamos projetos solicitando financiamento. Esse tipo de procedimento não existe mais”. Hoje a instituição está focada em algumas atividades e busca parceiros. “Estamos mais ativos e criativos para procurar parceiros que podem responder também às necessidades da Cáritas Alemã”.

Nos últimos anos, houve grande redução de doações para financiar projetos sociais. Por isso, o repasse de recursos está focado mais para a África e grandes emergências, como é o caso do Haiti. Consequentemente, há redução de recursos direcionados para Brasil, Bolívia e Colômbia, por exemplo. Conforme Hess, o recurso do Departamento Internacional da Cáritas Alemã para a América Latina não passa de 25% do total do orçamento próprio. O restante depende de repasses de outros órgãos financiadores.

Essa situação levou a Cáritas Germânica a direcionar suas atividades para alguns focos, incluindo a dependência química e a drogadição. “Nesta área formatamos várias ações com governos e mesmo com ONGs como a Cáritas. Não somos penas repassadores de recursos para parceiros, mas também de metodologia, assessoria e conhecimento para acompanhar esses projetos”. Nessa área de dependência existem projetos e ações em 14 países da América Latina.

Wolfgang também revelou que em razão da melhoria da situação econômica brasileira nos últimos oito anos, muitos financiadores privados passaram a ter ligeira resistência no repasse de recursos para auxiliar no desenvolvimento de projetos no Brasil. “No entanto, quando olhamos para a realidade, vemos que temos ainda 30 milhões de excluídos no país. Então, no meu ponto de vista, merecem ainda muita atenção a iniciativas interessantes de inclusão social”. Ele argumentou que a situação brasileira é contraditória. “De um lado há um crescimento econômico significativo e uma ação assistencialista do governo não muito participativa. Por isso é vital a mudança no modelo de desenvolvimento que deve ser mais descentralizado, dando mais autonomia para as comunidades. “Isso requer participação mais forte da sociedade, diferente do que vemos hoje no Brasil. Temos um progresso excluindo pessoas e um programa assistencialista do governo que apenas ajuda essas pessoas”.

Para o representante da Cáritas Alemã, a temática do Congresso da Cáritas Brasileira mostra que a sociedade está disposta a fazer um controle maior do estado e ter maior presença na gestão das políticas públicas. “Eu saúdo as pequenas iniciativas que a Cáritas desenvolve no Brasil, porque elas fortalecem a sociedade”. No entanto, vê a necessidade de qualificar os atores sociais e os operadores nessas iniciativas sobre a legislação, as metodologias e tecnologias de trabalho. “Os catadores, por exemplo, precisam ser reconhecidos como recicladores que contribuem com o meio ambiente. A categoria de catador é prejudicial às pessoas”.

Ele acrescentou que os excluídos não podem apenas ser qualificados para serem empreendedores. De acordo com ele, não basta aprimorar o aspecto econômico. É necessário um componente maior. “Temos que criar um pensamento comunitário comum para a inclusão. Só o aspecto econômico não muda a situação de exclusão. A condição econômica promove uma disputa que não ajuda os mais pobres e desqualificados”.

Fonte: Equipe de Comunicação Cáritas Brasileira

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