sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nasce nova tendência no PT da Bahia: Articulação CNB

Cerca de 300 lideranças do PT da Bahia criaram no sábado (14) uma nova tendência interna partidária chamada “Articulação CNB”. A nova tendência é integrada pelos deputados federais Emiliano José, Geraldo Simões e Joseph Bandeira, pelos deputados estaduais J. Carlos e Rosemberg Pinto e por dezenas de prefeitos, ex-prefeitos, candidatos a prefeito, vereadores e lideranças petistas de todas as regiões do Estado. A reunião plenária reviveu os animados tempos em que a militância do PT debatia política. A nova tendência foi imediatamente reconhecida pelo Secretário Nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi, presente ao ato.

A reunião, conduzida pela vice-presidenta do PT baiano, Aldinha Sena, começou às 10h e prolongou-se até 16h. Os oradores estavam inflamados. A ausência de debates políticos na tendência “Construindo um Novo Brasil – CNB” foi uma crítica consensual. Um manifesto redigido no decorrer da plenária foi aprovado por unanimidade. No primeiro parágrafo a palavra “fortalecimento” foi repetida à exaustão. Fortalecimento do governo Dilma, do Governo Wagner, das políticas sociais, do debate político nas bases, da participação do PT nas eleições de 2012 com candidaturas no máximo de cidades.

Da mesa fizeram parte Dorinha da CUT, Elizângela Araújo, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (FETRAF), Eunice Rolf, integrante do Diretório Regional do PT do Rio Grande do Sul e liderança da tendência Ação Democrática, surgida também de um rompimento com a “Construindo um Novo Brasil” e o professor e apresentador de TV, Jorge Portugal. Por motivos óbvios, o deputado federal Nelson Pelegrino, candidato natural a prefeito de Salvador (bastante aplaudido) compareceu e saudou a nova tendência, embora seja ele próprio de outra corrente partidária. O presidente regional do PT, Jonas Paulo, fez uma breve saudação, pediu unidade, e se retirou para outra reunião.

Com algumas poucas exceções, os oradores não falaram em cargos no governo Wagner. No entanto, falaram em participação no governo, uma forma mais sutil de integrar o governo que todos eles elegeram. O deputado federal Emiliano José insistiu na busca de unidade partidária, celebrou os dois governos de Lula, defendeu as ações da presidenta Dilma Rousseff, elogiou as conquistas do Governo Wagner, analisou a conjuntura, mas, pregou fortalecimento do PT da Bahia e reconheceu uma certa desarticulação da tendência “Construindo um Novo Brasil” na Bahia, o que motivou o rompimento. “Os governos passam, o PT fica” disse ele.

O manifesto intitulado “Carta de Salvador – Articulação CNB” além de fazer referência à necessidade de resgatar o debate político perdido, dar voz às lideranças de base, menciona participação com candidaturas nas eleições municipais de 2012, como condição para vitória na sucessão estadual em 2014. O ex-secretário da Educação, Adeum Sauer, este presente, o ex-governador Waldir Pires justificou ausência por estar em viagem ao exterior. Discreto, o superintendente do Sebrae/Bahia, Edival Passos, acompanhou os debates. O vereador de Salvador, Moisés Rocha, compareceu mas não se pronunciou. Ao final, o deputado Emiliano José, com uma tirada de humor, disse que o que motivou a reunião foi a “saudade” de debates como aquele. Também citou a palavra “inércia” da CNB para explicar a ruptura.

Leia o manifesto
da nova tendência do PT da Bahia:

ARTICULAÇÃO CNB – BAHIA

Manifesto de Lançamento – Carta de Salvador
No dia 14 de maio de 2011, dia importante para a comunidade negra na Bahia, militantes petistas reunidos decidiram lançar a Carta de Salvador, no intuito de contribuir para o debate partidário e constituir um campo político no PT voltado ao fortalecimento do nosso partido, ao fortalecimento do governo Dilma e ao fortalecimento do governo Wagner, ao fortalecimento de nossos deputados e lideranças estaduais, ao fortalecimento de nossos prefeitos, vereadores e lideranças regionais e municipais, ao fortalecimento dos movimentos sociais e, sobretudo ao fortalecimento de nossa militância partidária, sindical e popular.

A nova conjuntura em que estamos no governo federal, no governo estadual e em várias prefeituras na Bahia exige um esforço maior de debate, elaboração e intervenção. Elegemos os dois senadores nas últimas eleições, 10 deputados federais do PT e 14 deputados estaduais também do PT, criando uma base sólida de apoio a Dilma no Congresso Nacional e uma base ampla de apoio ao companheiro Wagner no Estado. Isso aumenta nossa responsabilidade com os destinos dos milhões de brasileiros que apostaram em nossa proposta e decidiram reafirmar e ampliar a confiança em nosso projeto.

Pela primeira vez a esquerda, construindo acertadamente um amplo leque de alianças, governa nossos destinos. As mudanças são expressivas, com a inclusão de mais de 30 milhões de pessoas na classe média brasileira e o mercado interno é a principal fonte de vitalidade de nossa economia. Estamos promovendo o crescimento econômico através da inclusão social e ampliando a geração de empregos e a criação de empresas em um patamar inédito.

Nesse sentido, nós, militantes petistas da ARTICULAÇÃO CNB, assumimos a responsabilidade histórica de avaliar nossos governos, propor políticas públicas acertadas, que aprofundem o nosso caminho de inclusão social. Assumimos a responsabilidade de defender nossos governos e fortalecer o nosso perfil petista nos governos, assim como ampliar nossa presença nos governos municipais.

Entendemos que devemos lançar o máximo de candidaturas petistas para prefeituras e câmaras de vereadores nos municípios em 2012. Precisamos fazer isso para consolidar nosso projeto e que a ampla aliança que construímos seja consolidada com uma diretriz clara de esquerda, que sempre definiu nosso programa.

O Brasil está hoje com o nível mais baixo de desigualdade em 50 anos, e esse desempenho se deu pelas políticas de distribuição de renda, geração de emprego, aumentos salariais reais e, também, pela melhoria na Educação. Os avanços da ampliação das universidades federais, dos institutos federais de Educação, a criação do FUNDEB, do Piso Salarial Nacional e do Plano de Desenvolvimento e muitas outras ações de um governo petista demonstram que nosso projeto deve ser fortalecido e estar presente nos espaços de poder.

Nosso partido sempre teve a capacidade de analisar as políticas governamentais de direita em momento anterior, até 2002, e de propor e implementar as melhores políticas a partir de 2003. A ARTICULAÇÃO CNB deve contribuir para não perdermos nossa capacidade crítica e de elaboração, e para um maior protagonismo do PT no debate interno nos governos e de permitir que muitos militantes tenham possibilidade de expressar suas opiniões e intervir nas decisões e rumos.

Nossa democracia interna é um patrimônio muito importante que deve ser defendido, as práticas de participação de nossa militância devem ser cada vez mais ampliadas e os processos democráticos cada vez mais aperfeiçoados.

A consolidação de um campo político deve se dar pela participação, pela radicalização da democracia interna e pelo debate político. A confiança e lealdade devem pautar as relações políticas partidárias. Um projeto de transformações sociais só será bem sucedido caso sua prática seja fraterna e transparente e tenha uma política orientada pela gestão pública inclusiva, democrática, que promova os direitos humanos, sociais, econômicos e culturais. A máquina pública deve ser democratizada, precisamos continuar a mudar a cultura política da sociedade, que ainda carrega traços fortes de autoritarismo, patrimonialismo e nepotismo. Os governos do PT são os instrumentos para mudar essa cultura e a ARTICULAÇÃO CNB compreende que essa transformação cultural é fundamental.

A militância é a responsável pela eleição dos nossos governantes, nossos parlamentares, e deve ter espaços de intervenção, oportunidade de criticar, elaborar e sugerir mudanças no PT e nos nossos governos. Queremos ter voz e manter canais efetivos de diálogos. O poder deve ser um meio de construir uma nova sociedade, e não apenas um fim em si mesmo. As posições do PT, dos movimentos sociais e do nosso campo precisam continuar a ser consideradas. O PT precisa continuar a ser o formulador das políticas estratégicas para a sociedade brasileira. A ARTICULAÇÃO CNB assume o desafio de lutar por este conjunto de propostas e convidamos todos os companheiros do PT a contribuírem conosco nessa trajetória.

Reafirmamos nosso compromisso com o projeto político que elegeu Lula, Wagner e Dilma. O fato de estarmos articulando um novo campo no estado tem por objetivo resgatar os princípios e as boas práticas da “antiga Articulação”, adequados aos tempos atuais. Reafirmamos também o alinhamento nacional com o projeto político Construindo Um Novo Brasil, no sentido de ampliar a hegemonia dos trabalhadores e avançar nas transformações econômicas, sociais e políticas tão urgentes para a sociedade brasileira.

Fonte: http://www.emilianojose.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário